Uma criança que tem uma doença conhecida como Talo Congênito espera há mais de oito anos para agendar uma cirurgia pelo SUS. Nathan Vieira Ludolfo, de 11 anos, nasceu prematuro e com problemas na bexiga e nos pés. Como a doença causa má formação dos ossos, o menino enfrenta dificuldade para brincar e se locomover.
Para jogar futebol, Nathan precisa recorrer ao videogame, um dos jogos preferidos dele. Segundo a família, o menino precisa fazer uma cirurgia para corrigir o problema. "Tudo o que podíamos fazer junto aos médicos nós já fizemos. Agora é só a cirurgia. Ficamos sem saber o que fazer", comentou a mãe, Soraya Vieira Ludolfo.
Os pais de Nathan explicaram que, na última consulta, o médico disse que, caso a cirurgia não seja realizada em dois anos, o menino pode perder os movimentos e não conseguir mais andar, necessitando de uma cadeira de rodas. A notícia deixou o menino deprimido. "Ele teve até que começar a tomar remédios para depressão. Eu tentei dizer que ele tinha entendido errado, que não era nada disso, mas ele não é mais bobo e entendeu tudo o que o médico falou", acrescentou a mãe.
Em um hospital particular, a cirurgia custa no mínimo R$ 15 mil. A família vive com R$ 740 por mês e precisa de ajuda de familiares. Só com fraldas descartáveis eles gastam em média R$ 200. "Seria muito complicado se tivéssemos que pagar por essa cirurgia e o médico disse que ele tem o direito de operar pelo Hospital Infantil. O problema é que crianças chegam machucadas e pegam a vez de crianças que precisam de cirurgias eletivas", disse ainda.
Lucas tem sete anos e também torce para que o irmão seja logo operado. "Quero que ele fique bom. Tomara que o pezinho dele conserte".
Segundo o ortopedista que acompanha o caso de Nathan, somente no Hospital Infantil de Vitória existe uma lista com 169 crianças e adolescentes na espera por uma cirurgia ortopédica. A relação mostra que 122 crianças estão na frente do menino. Para o médico, é necessário um Centro de Atendimento Específico para Cirurgias Eletivas, ou seja, agendadas, porque os casos de urgência e emergência acabam sobrecarregando o atendimento.
"Alguns anos atrás, a idade limite era de 12 anos. Hoje a idade é de até 18 anos. Isso aumentou muito a quantidade de pacientes no hospital, principalmente de adolescentes vítimas de acidentes e violência. Isso somado aos traumas de crianças, que acontecem em parques, jogos de futebol... Infelizmente, a prioridade é de quem já está internado com trauma porque existe risco de vida e essas crianças com deformidade congênita acabam ficando para um tempo posterior. Estamos fazendo uma lista para conversar com o Estado, que parece que já viu a necessidade de criar um serviço específico para atender essas crianças", esclareceu o ortopedista Akel Nicolau Júnior.
Enquanto a cirurgia não acontece, o menino sonha com a recuperação. "Quero o meu pezinho no lugar para três coisas: correr, brincar e andar direito".
A Secretaria de Estado da Saúde informou que o paciente será avaliado pelo médico ortopedista no dia 30 deste mês, às 8 horas, no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha, onde há o serviço de referência em pé torto congênito.
Fonte: http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2011/11/menino-que-nasceu-com-doenca-que-causa-ma-formacao-dos-ossos-espera-por-cirurgia-ha-8-anos-na-serra.html
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